
Uma breve visita
Mariana, voluntária da Associação Capulana
Chegada a Maputo, após dez horas de viagem, vejo o acordar de um novo dia numa cidade a mais de 5 mil milhas de onde vivo. Bem às portas do aeroporto, nos bairros que o rodeiam, é visível a agitação das sete da manhã de um sábado. A primeira impressão de estar em África, para mim, é a de estar num filme, numa reportagem… uma realidade tão diferente da única a que estou habituada: da Europa ocidental.
Uma realidade de uma enorme simplicidade, mas também de dificuldades bem mais visíveis. Num primeiro contacto, de quem viaja pelas estradas de Maputo, sobressai as longas distâncias que são percorridas a pé: pessoas bem carregadas, que se vêem no meio de uma estrada e em que não se percebe de onde vêm ou para onde irão, porque se encontram no meio do nada, não sendo perceptível de onde partiram ou para onde vão.

Ouvi falar pela primeira vez da Associação Capulana, bem no final do ano passado, entre o Natal e a passagem de ano 2016/2017. Tive o privilégio de ouvir falar do projecto e ficar a conhecê-lo por uma das pessoas que fez parte do mesmo desde o seu início, desde que era apenas o sonho de construir uma escola numa das áreas mais carenciadas de Moçambique.
Fiquei surpreendida pela sua simplicidade e por ser um exemplo de como todos podemos contribuir para fazer a diferença. Um projecto despretensioso que nasceu do sonho, alimentado pela vontade de agradecer e de querer fazer a mudança.
Acreditei neste projecto, quis também fazer parte e aprender como podemos fazer a diferença.
Aos poucos, fui contribuindo, como voluntária, desde Portugal, e, em Abril, fui desafiada a ir até Moçambique, conhecer o projecto de perto.
Coincidiu com a Páscoa, e cheguei a Moçambique, no sábado, que antecede o domingo de Páscoa. Fui acolhida pela família da Casa do Gaiato de Maputo, onde fiquei hospedada, durante grande parte da minha estadia. Fiquei durante três dias na Aldeia de Ndivinduane, para ficar a conhecer o projecto de perto, falar com as pessoas.
O bom que foi conhecer as mamanas, o chefes da aldeia, uma das senhoras mais velhas da aldeia, figura matriarcal que contou, com grande entuasiasmo, as suas memórias desde o início da aldeia. Melhor foi poder estar, e falar com os jovens que fizeram os sete anos de escolaridade já na Escola de Ndivinduane poder partilhar o dia-a-dia com as crianças do albergue.
Um projecto bonito, de garra, que já fez muito acontecer e que ainda tem muito para dar… Ficou o desejo de regressar para muito mais aprender e de poder contribuir para que juntos possamos continuar a construir o sonho de melhorar a vida de todos nesta bonita aldeia que é Ndivinduane.
Maio 2017