
Os dias em Portugal, pelas palavras da Educadora Deolinda
Foi uma surpresa que tomei conhecimento que ia viajar para Lisboa, porque embora expectante nunca tinha a certeza de concretizar o sonho de lá ir.
De início foi muito difícil organizar os documentos, já que o tempo para isso era escasso e em poucos dias, mas foi possível com ajuda de pessoas de boa vontade. Quando vi que alguns documentos já iam saindo dentro dos prazos comecei a enxergar a viagem.
E a família, o trabalho, os hábitos do nosso País? Isto ficaria por cá mas sempre lembrados. Embarquei na manhã de 12 de Janeiro juntamente com outros 2 colegas, e a viagem durou cerca de 10 horas. Estava em terra longínqua onde só a história me fazia saber o que era. Recebida no aeroporto de Lisboa por tia Fátima e seu esposo, tio José patronos da Associação Capulana, uma instituição que apoia a aldeia de Ndividuane, Sul da Província de Maputo, que logo de partida manifestaram sua simpatia. Assim ia-se esgotando o medo de estar em terra estrangeira, mas o frio exigia mais agasalhos que nos ofereceram imediatamente. Já não era momento de pensar no que deixei, mas olhar para o que me levava para lá, no sentido de aproveitar o máximo do que podia. Tratou-se de uma viagem programada para a troca de experiência na área de Educação, sobretudo nas metodologias de trabalho com criança.

Naquela noite fomos a um juntar, num restaurante frequentado pelo casal, e de seguida fomos para o Seminário Torre D’Aguilha, em Carcavelos, onde nos estivemos hospedados até à nossa saída. Foi agendada nossa estadia em Lisboa ao longo de 1ª semana, para de seguida visitarmos outros locais e, obviamente realizar as principais actividades da excursão.
Aqui aproveitamos conhecer a cidade e pessoas de maior interesse, dentre elas a professora Virgília, já conhecida por mim na sua digressão à Maputo, onde realizou a formação de educadores de infância; e mais tarde visitamos Cascais, a beira do Atlântico na companhia da tia Fátima. Há que referir o passeio a emblemática cidade de Sintra, construídas há milhares de anos, onde conhecemos antiga capela local.
De seguida fomos conhecer a Coperol onde funcionam os escritórios da Associação Capulana, tendo-se realizado um breve encontro. Além da sessão de esclarecimento das contas, nele nos foi recomendado falar com os professores de Ndividuane a sensibilizar aos alunos a se precaverem de gravidezes precoces. Por outro lado o dever de organizar o Dossier dos afilhados, e deixar as anotações no verso da folha de cada criança, ou seja registar a data da remessa da carta pelo afilhado e da recepção da resposta.

Ainda com o interesse de alargar o conhecimento sobre a realidade portuguesa, a tia Fátima promoveu mais um passeio no final do dia em Belém onde se consumiu pastéis de nata e, em seguida um passeio pela marginal. Visitamos o Santuário de Nossa Senhora de Fátima, incluindo as campas dos 3 pastorinhos, tendo sido recebidos pela Irmã Fernanda, amiga da tia Fátima tendo explicado exaustivamente sobre o local e os acontecimentos, e ainda houve a possibilidade de interagir com a sobrinha da vidente Lúcia em Aljustrel, a qual nos saudou com maior cordialidade. Foi uma ocasião em que conhecemos o local onde Nossa Senhora apareceu pela 1ª vez aos pastorinhos. A Irmã Fernanda nos deixou uma recordação, ao nos oferecer um livro a cada um dos 3 visitantes, que descreve a história da Irmã Lúcia. Este foi o ponto mais marcante da minha vida. De seguida viajamos por cerca de 7Km em visita de uma capela situada em Ortiga, onde ocorreu um milagre em que Nossa Senhora recuperou a audição de uma pastorinha a qual lhe recomendou a instruir o pai a construir uma capela destinada a conceder graças.
Início de sessões de formação Com a formação dada pela professora Virgília, sob tema “educação com crianças de Necessidades Educativas Especiais (NEE)”, dava-se início a uma série de encontros formativos. E no mesmo instante visitamos a biblioteca da escola Lumiar, para se inteirar de aspectos organizativos e de funcionamento da biblioteca. Tinha chegado o momento de visitar uma escola secundária onde foi apresentado o projecto “Muchila”, para angariar e agradecer apoios em benefício de crianças carenciadas da aldeia de Ndividuane.

Realizou-se um encontro com os membros da Associação Capulana, tendo sido tornados públicos os projectos vigentes, como por exemplo o torneio de futebol, Malária zero, ocupação de crianças adolescentes e jovens, entre outros. A semana terminou com um passeio ao Oceanário, um local lindo na zona nobre da cidade com todas espécies marinhas divididas pelos reinos e por cada oceano. Foi sensacional! Atravessámos a ponte Vasco da Gama tendo passeado em Algocheto, onde almoçamos num restaurante italiano. No mesmo dia caminhamos em companhia da Mariana pelo Saldanha, e numa viagem de Metro fomos ao Alvalade onde assistimos uma partida de futebol entre o Sporting e o Moreirense. Tivemos a oportunidade de nos alojar em camarotes VIP oferecidos pelo Acácio junto do casal Costa, e de seguida fomos ao jantar oferecido pelo Director da SportTV. Foi espectacular! Nessa noite fomos brindados por um passeio pela cidade, na companhia do Acácio.
Na 2ª semana viajámos para Torres Vedras, em Campelos para conhecer o Agrupamento de Escolas Pe. Vítor Melícias. Foi-nos apresentada a Directora Pedagógica, professora Luísa que nos conduziu a escola da Perna Firme, onde tivemos a ocasião de apresentar a Associação Capulana e o significado do nome “Capulana”, incluindo os agradecimentos sobre os apoios que concedem a aldeia de Ndividuane. Como resultado as crianças ficaram muito sensibilizadas com a explanação. Desta escola continuamos para a escola de Campelos onde fomos recebidos pelos educadores, tendo permanecido durante 3 dias, hospedados gentilmente num Hotel pertencente a educadoras Teresa.
Particularmente tive a ocasião de acompanhar todas actividades das educadoras Luísa, Teresa e Isabel.

Foi uma ocasião rica de troca de experiências sobre técnicas de como transmitir conhecimentos e realizar diversas actividades com crianças. Entre vários exemplos, assinalar o seguinte: as crianças dizem o que querem aprender, e partindo de ideias delas, o educador desenvolver a forma correcta de alcançar o objectivo. Ainda a personalização da história e a combinação das palavras. Foi notável a contribuição da interacção afectiva entre educadores e crianças, e entre educadores. A interacção entre educadores promove um bom ambiente de trabalho e desempenho. A forma como a equipa nos recebeu abriu espaço para expressarmos as nossas potencialidades e ao mesmo tempo dificuldades. Ainda ao longo da 2ª semana tivemos a oportunidade de visitar a um Centro Educativo Ambiental, onde as crianças realizaram uma experiência com base em água.
No final do último dia em Campelos, tivemos a ocasião de partilhar um almoço oferecido pelo grupo de professores e educadoras, passeio para apreciar o parque de Dinossauros, em Alorinhã. Por ser tarde não foi possível visitar todo o parque, contudo foi excepcional. Em seguida fomos ao Castelo de Obidos, um local turístico de renome. Nesta escola recebemos diverso material, onde se destaca equipamento áudio e de estampagem, livros, entre outros. Seguimos para o Centro Educativo de Ponterol, onde participamos de uma capacitação orientada pela professora Luísa versando sobre oralidade, leitura e escrita. Ficou descrita a mensagem referindo que a criança ouve e aprende a falar ainda na barriga da mãe, e isto se repercute ao longo da vida. Foram abordadas diversas metodologias de trabalho com criança, e organização por parte do professor. Continuamos no dia seguinte com a nossa participação em actividades com educadores onde foi possível a troca de experiência na área de educação. Aqui recebemos uma máquina de emplasticar, livros e diverso material educativo, tendo culminado com um almoço de confraternização com todos os professores e educadoras desta escola. Ainda foi possível visitar a fábrica de cafeteiras, acompanhados pelo Sr. Joaquim, Director da Rede das escolas de Torres Vedras, e a estufa de produção de tomate que alcança 500gr a unidade.

Agradecimentos
Ao longo da nossa estadia foi notória a dedicação multiforme para um acolhimento agradável a nossa equipa. Apesar de não ter sido possível descrever tudo o que vivi durante a minha estadia em Portugal, são louváveis os momentos vivenciados e tudo o que aprendi.
Nisso, aproveito endereçar meus sinceros agradecimentos a:
• À Associação Capulana;
• Aos professores do Agrupamento de Escolas Pe. Vítor Melícias;
• À professora Virgília, e ao tio Acácio.
• A todas as Escolas que tivemos oportunidade de ficar a conhecer:
– Escola Básica do Lumiar
– Escola EB1 de Telheiras
– Colégio Mira Rio
– Escola Secundária Quinta do Marquês
– Colégio Sra. Boa Nova
– Agrupamento de Escolas de Cascais
– Escola Secundária Seomara da Costa Primo
Em especial, aos professores que nos acompanharam nas escolas, e que connosco tocaram ideias e experiências, e nos mostraram as suas bibliotecas.
Acredito que a visita irá melhorar bastante o meu desempenho.
Muito obrigada.